sábado, 23 de julho de 2011

Atentados matam 17 na Noruega

Bombeiros trabalham no resgate às vítimas do atentado que destruiu prédio do governo norueguês, matando 17 e deixando 15 feridas
Bombeiros trabalham no resgate às vítimas do atentado
 que destruiu prédio do governo norueguês, matando 17 e deixando 15 feridas

Oslo (AE) - A explosão de uma bomba e um tiroteio que ocorreram na capital da Noruega, Oslo, deixaram ontem pelo menos 17 mortos e 15 feridos, segundo a polícia local. A violência começou à tarde, pelo horário local, quando uma bomba explodiu nas proximidades da sede do governo norueguês, ataque que deixou 7 mortos e 15 feridos, atingindo também a redação do jornal tabloide VG, o maior do país. Mais tarde, um homem que vestia uniforme de policial atirou contra participantes de uma reunião da juventude do Partido Trabalhista norueguês, atualmente no governo, matando pelo menos 10 pessoas. Esse número foi confirmado pela polícia norueguesa.

O suposto atirador foi detido. Ele atacou os jovens em um acampamento na ilha de Utoya, perto de Oslo, e a área ainda era vasculhada pela polícia na noite de hoje. Segundo o ministro da Justiça da Noruega, Knut Storberget, o atirador é norueguês, branco e tem 32 anos. A polícia teme que mais corpos de pessoas mortas estejam na ilha de Utoya.

O secretário de Estado Hans Kristian Amundsen disse à BBC que "ainda há pessoas no interior dos prédios" atingidos pela bomba, mas recusou-se a dar detalhes. Segundo ele, trata-se do pior episódio deste tipo no país. Um suposto grupo islamita, o Ansar al-Jihad al-Alami (Apoiadores da Jihad Global) assumiu a autoria dos ataques, mas o governo norueguês foi cauteloso em confirmar a afirmação.

O governo disse que é "muito cedo" para comentar sobre grupos que assumiram responsabilidades. A cautela do governo norueguês decorre do fato de que mais tarde a televisão estatal da Noruega negou que o grupo Ansar al-Jihad al-Alami tenha praticado os ataques. Segundo a imprensa norueguesa, o grupo teria voltado atrás nas declarações, mas não foi possível confirmar de maneira independente essa informação.

Situação séria

A polícia norueguesa acredita que os dois ataques estão interligados e emitiu um alerta para a população ficar longe das ruas centrais de Oslo. O primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg, está a salvo. Ele disse em entrevista por telefone que Oslo enfrenta uma "situação séria".

"Por mais que alguém esteja bem preparado, é sempre dramático quando algo assim acontece", afirmou o premiê. O presidente da União Europeia (UE), Herman van Rampuy, condenou o ato de "covardia" que atingiu Oslo, enquanto o governo dos Estados Unidos qualificou como "desprezível" a violência em Oslo. A polícia ainda não informou a identidade do atirador do acampamento onde ocorria a reunião nem os possíveis motivos do ataque.

"Eu vi que algumas janelas no prédio do VG e na sede do governo foram quebradas. Algumas pessoas cobertas de sangue estavam nas ruas", disse um jornalista à rádio estatal NRK. A rádio informou que a explosão parece ter ocorrido perto do Ministério de Finanças, que fica vizinho ao escritório do primeiro-ministro e à redação do tabloide VG.

"Existe vidro por todos os lados e é um caos completo. As janelas de todos os prédios vizinhos foram arrebentadas", disse o jornalista Ingunn Andersen, da NRK. Fotos publicadas no website da NRK mostraram vidro quebrado na frente da fachada destruída do edifício do tabloide VG, enquanto soldados fechavam a área e pessoas rodeavam alguns feridos.

Suspeito não é extremista islâmico

Oslo (AE) - O homem de 32 anos suspeito de envolvimento nos atentados perpetrados ontem na Noruega aparentemente não tem vínculos com extremistas islâmicos, disse à Associated Press uma fonte na polícia norueguesa. A fonte policial disse que os ataques têm mais em comum com o atentado de 1995 contra um edifício do governo norte-americano em Oklahoma em 1995 do que com os atentados de 11 de setembro de 2001 contra os Estados Unidos, sugerindo que as autoridades norueguesas encontraram mais indícios de uma ação extremista interna do que de uma ameaça vinda do exterior.

Segundo a fonte da AP, o suspeito aparentemente agiu sozinho e "parece não ter nenhuma espécie de vínculo com organizações terroristas internacionais". Entretanto, advertiu a fonte, a investigação ainda está em andamento e novas informações podem vir à tona.

A fonte policial ouvida pela AP disse que pelo menos um artefato explosivo não detonado foi encontrado no acampamento atacado. Um esquadrão antibombas do exército norueguês trabalha no desarmamento do artefato, prosseguiu a fonte, que exigiu anonimato em troca das informações. Mais cedo, um suposto grupo islamita, o Ansar al-Jihad al-Alami (Apoiadores da Jihad Global) assumiu a autoria dos ataques, mas o governo norueguês desde o início mostrou-se cauteloso com a reivindicação.

Chefes de governo repudiam atentado

Brasília ( BBC) - A presidenta Dilma Rousseff divulgou nota lamentando os ataques que deixaram pelo menos 17 mortos na Noruega, durante uma explosão na sede do governo e em um tiroteio em um acampamento de jovens. Outros líderes mundiais expressaram repúdio pelo episódio. Dilma disse que "foi com profunda consternação" que recebeu "a notícia dos atentados".

"Gostaria de estender, em nome do governo e do povo brasileiros, nossos sinceros sentimentos de pesar e solidariedade ao reino da Noruega e às famílias das vítimas", disse a presidenta brasileira.

O Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores) também condenou "com veemência os atentados". Em nota, disse que "o governo brasileiro reitera seu mais enérgico repúdio a todas as formas de violência contra populações civis e representantes do poder público".

Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama disse que os atentados demonstram a importância de uma cooperação global na luta contra o extremismo. "É uma advertência sobre como toda a comunidade internacional tem responsabilidade em impedir esse tipo de terror de acontecer", disse o presidente, em Washington, durante encontro com o primeiro-ministro da Nova Zelândia, John Key. "Temos de cooperar em termos de inteligência e de prevenção desse tipo de ataques horríveis", disse Obama, que esteve em Oslo em 2009 para receber o Prêmio Nobel da Paz.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse ter ficado "indignado" aos saber dos ataques e da morte de tantos inocentes. "Meus pensamentos estão com os feridos e com aqueles que perderam parentes e amigos. E tenho certeza que todos os britânicos estão se sentindo da mesma maneira", disse Cameron.

"Telefonei para o premiê (norueguês) Stoltenberg para expressar minhas sinceras condolências e para oferecer ajuda da Grã-Bretanha, inclusive por meio de cooperação dos nossos departamentos de inteligência. Vamos trabalhar com a Noruega para caçar os assassinos e impedir a morte de mais inocentes."

Já o presidente francês, Nicolas Sarkozy, qualificou os ataques de "atos odiosos e inaceitáveis". "Nesse momento dramático, quero expressar minha solidaridade e a de todo o povo francês à Noruega."

O ministro do Exterior britânico, William Hague, qualificou o ataque em Oslo de horrível. "A Grã-Bretanha está lado a lado com a Noruega e todos os nossos aliados internacionais frente a tais atrocidades. Estamos comprometidos a trabalhar incessantemente com eles para combater a ameaça do terrorismo em todas as suas formas."

O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, também se manifestou sobre o atentado, chamando o ataque de "covardia", de acordo com a agência de notícias AFP. "Estou profundamente abalado pelas explosões na tarde de hoje (sexta-feira) em Oslo que mataram várias pessoas inocentes e deixaram muitas outras feridas", disse Van Rompuy em uma declaração divulgada na tarde desta sexta-feira.

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, disse que o incidente em Oslo foi um "ato hediondo". Cerca de 500 soldados noruegueses fazem parte das forças internacionais lideradas pela Otan no Afeganistão, e dez noruegueses morreram em operações no país.
 
Fonte: Tribuna do Norte

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