sábado, 23 de julho de 2011

'Primeira coisa que vou fazer é dar de mamar', diz mãe de bebê roubado

Menina havia sido sequestrada de hospital em São Gonçalo na sexta (22), Diretora administrativa da unidade nega falhas de segurança.
Elisa da Silva Barbosa, mãe do bebê recém-nascido sequestrado num hospital de São Gonçalo, durante entrevista coletiva (Foto: Bernardo Tabak/G1)
Elisa Barbosa, mãe do bebê recém-nascido
sequestrado num hospital de São Gonçalo,
em entrevista coletiva (Foto: Bernardo Tabak/G1)
 
Em entrevista coletiva realizada na noite deste sábado (23), no Hospital São José dos Lírios, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, Elisa da Silva Barbosa não conteve o choro ao falar sobre a notícia de que a filha recém-nascida havia sido localizada. "Agora eu posso chorar, mas de alegria", disse a mãe do bebê, que havia sido roubado da unidade hospitalar na noite da última sexta-feira (22).
"A primeira coisa que vou fazer quando encontrar minha filha é dar de mamar", destacou Elisa, com um largo sorriso. "Só falta o meu marido ligar dizendo que ela está bem", acrescentou a mãe de Ayana Mila, que considerou "muito importante" o fato de a suspeita do sequestro ter sido presa. "Em nenhum momento eu perdi as esperanças. Eu acredito nas pessoas boas, sabia que elas iriam denunciar, ligar. E foi o que aconteceu", comemorou.
"Fatalidade"

Segundo a assessoria de imprensa do hospital, o bebê será levado do município de Cordeiro, na Região Serrana do Rio, onde foi encontrado, para a unidade de saúde ainda neste sábado, e ficará sob os cuidados da chefe da UTI pediátrica. "Caso ela esteja bem, a previsão é de que tenha alta neste domingo", afirmou o diretor-médico do hospital, Sérgio Duarte Moutinho.
Para Alice Diniz, diretora-administrativa da unidade, não houve falha na segurança. "Se vocês (referindo-se aos jornalistas presentes) se travestirem de médico e apresentarem uma carteira falsa, poderão entrar em qualquer unidade hospitalar deste país. O que aconteceu foi uma fatalidade", afirmou. “A gente não revista bolsas nem retém documentos, o que é proibido”, ressaltou Alice, explicando sobre o fato de a suspeita possivelmente ter deixado o hospital carregando o bebê em uma bolsa no ombro.
“Não houve falha no nosso procedimento, que é padrão e utilizado pela maioria dos hospitais. O problema é que a operação padrão já não é mais suficiente para evitar o que ocorreu”, afirmou Moutinho. “As pessoas de má-fé são pró-ativas e descobrem maneiras de burlar os procedimentos”, complementou.
Tanto Moutinho quanto Alice Diniz afirmaram que pretendem levar ao Conselho Regional de Medicina uma sugestão para melhor o cadastro de médicos acessado pela internet. “Na segunda-feira, vamos encaminhar as sugestões ao conselho”, afirmou a diretora.
Mulher se entregou na Região Serrana

A mulher suspeita do crime se apresentou à polícia no fim da tarde deste sábado. De acordo com o sargento Clair Anastácio Gomes, do 11º BPM (Nova Friburgo), ela se dirigiu à 154ª DP em Cordeiro, cidade próxima ao município de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, acompanhada do advogado e carregando a criança — o delegado Geraldo Assed Estefan, titular da 72ª DP (São Gonçalo) e responsável pelo caso, se dirigiu à cidade durante a tarde.
Na manhã deste sábado (23), Estefan revelou que a suspeita de ter roubado o bebê já havia tentado levar outra criança, meia hora antes, em uma clínica no mesmo município. O crime e a tentativa de roubo aconteceram na mesma sexta, um na sequência do outro. “A gente também recebeu uma informação de que a suspeita foi barrada em um hospital público. Ela se apresentou como enfermeira, mas foi barrada pela segurança por não ter sido reconhecida como funcionária”, contou Estefan.
A suspeita foi identificada nas imagens gravadas pelo circuito interno de TV do hospital onde o bebê foi roubado. Ela foi reconhecida pelos pais que perderam a criança, pelos pais e pela tia do neném que quase foi levado e pela enfermeira que evitou o roubo na clínica. Nesta manhã, Assed Estefan ouviu os responsáveis pela clínica, os pais da criança roubada, os pais do outro bebê e a enfermeira que evitou o primeiro roubo. O delegado também quer ver as imagens da clínica onde a suspeita tentou roubar outro bebê.
Disfarce

A enfermeira contou que desconfiou da suspeita e a abordou, mas acabou a liberando quando ela apresentou uma carteira de enfermeira. "A gente acha que a segurança do hospital não devia ter liberado a mulher", criticou a tia.
“Eles desconfiaram na hora. Retiraram a mulher do local e a liberaram, mas não registraram a ocorrência na delegacia”, contou o delegado. Segundo Assed, não há pistas do paradeiro do bebê. Ele ainda vai ouvir outros parentes. "A suspeita estava determinada a roubar uma menina. Ela se mostrou fria, tranquila, e até com um certo conhecimento do local", ressaltou.
Por volta das 17h desta sexta, uma mulher vestindo jaleco branco e com um estetoscópio em volta do pescoço entrou no quarto e avisou que precisava levar o bebê para exame. Elisa e o marido deixaram que ela levasse o bebê. Imagens gravadas pelo circuito interno de segurança mostram a suspeita esperando pelo elevador. Minutos depois ela desce, supostamente com a criança dentro de uma bolsa que carregava.
"Ela entrou no quarto, dizendo que era pediatra, e que queria examinar a 'nenê', e perguntou se a gente já tinha feito exame do pezinho, de orelhinha, como na minha cidade em Manaus é de praxe todo hospital fazer isso dentro do hospital, aí eu achei que aqui também seria assim", disse Elisa.
Crime em menos de 15 minutos

A falsa médica precisou de menos de 15 minutos para entrar no hospital, chegar ao terceiro andar, ao quarto de Elisa, pegar a criança e sair, sem que ninguém percebesse.
Assim que percebeu que tinha acontecido, o diretor do hospital, Sérgio Moutinho, chamou a polícia. "A própria mãe deu a criança, a gente não tem um acesso a isso, e ela saiu com a criança dentro da bolsa, então a gente não revista a bolsa quando sai. Mil pessoas entrando e saindo, a gente não conhece a pessoa. Ela entra como visitante", disse ele.
Elisa quer a filha de volta o mais rápido possível: "Por favor, quem levou a minha filha, que devolva a minha filha. Eu te peço, misericórdia, por favor, traga a minha filha", pediu.

Fonte: G1

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