domingo, 12 de junho de 2011

Áreas para a prática de esportes são insuficientes

Áreas para a  prática de esportes são insuficientes
Academia comunitária montada em uma praça no bairro Cidade da Esperança está sempre repleta de pessoas utilizando os equipamentos

Não é de hoje que Natal aparece entre as capitais mais sedentárias do país, com apenas 16% dos adultos praticando atividade física no tempo livre, e um dos fatos mais relevantes para isso é que a população ainda se queixa da falta de apoio do poder público a projetos de lazer e atividades físicas. Para se ter uma ideia, na capital, só existem em atividade seis das chamadas Academias da Terceira Idade (ATIs), as quais são implantadas em uma parceria entre Governo Federal e municípios.

A nutricionista Michele Nunes faz parte da equipe do  Programa de Estadual Promoção à Saúde Pública (Sesap), informa que as ATIs natalenses estão situadas no Tirol, Panatis, Lagoa Nova, Candelária e Cidade da Esperança, e que outras três estão para ser implantadas, mas não diz quais são os bairros que receberão os equipamentos para a atividades físicas de seus frequentadores: "São aparelhos de transportes, halteres, mais voltados para a parte de musculação, são aparelhos simples, mas que têm impacto em nível muscular".

De acordo com a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção Para Doenças (Vigitel), que é feita por inquérito telefônico residencial, a população adulta natalense só é menos sedentária do que a de João Pessoa (PB), 17%;  Macapá (AM), 18%; Vitória (ES), 19%;  Palmas (TO), 20% e Brasília (DF), 22%.

 Michele Nunes admite que também não existe um cadastro do número de frequentadores dessas academias públicas, que já chegaram a 63 em 44 municípios do Rio Grande do Norte.

Segundo ela, grande parte das ATIs contam com  educadores físicos, a partir das 6 horas da manhã e das 16 horas, atendendo principalmente idosos que precisam de reposição da vitamina "D".

Ela informou que essa clientela passa por trabalho de orientações por profissionais da área, mas admite, ainda, que é necessária a realização de concurso público para atender a demanda, com a contratação de profissionais de Educação Física.

Com relação à pesquisa Vigitel feita pelo Ministério da Saúde (MS) e cujos dados acima apontados são de 2010, Michele Nunes diz que são dados que hoje "se trabalha nos municípios para se tornar mais fidedigno".

A nutricionista do Programa de Promoção à Saúde da Sesap diz que esse tipo de pesquisa poderia ser mais abrangente e não consultar apenas às famílias que possuem telefones fixos, pois a maior parte das pessoas usa, hoje, telefone móvel. Para ela, os profissionais que atendem a clientela das ATIs também precisam ajudar a avaliar a frequência das pessoas "para confrontar com os dados da Vigitel e ver se eles estão sendo realmente verdadeiros".

Michele Nunes afirmou, por telefone, que em contrapartida aos sedentarismo, mesmo  sem apresentar dados oficiais, a população de Natal "é a que mais come fruta e verduras" em relação a outras capitais do Brasil. Ela ainda observou que, mesmo sem um grande número de ATIs, "as pessoas estão caminhando e fazendo exercícios nas ruas".

Cidade da Esperança é exceção

Bem limpa e sempre cheia de gente, é assim a diferença da praça Aluízio Alves, na Cidade da Esperança, zona Oeste,  em relação a outras 251 praças existentes em Natal. Todos os dias e na maior parte do tempo no fim da tarde, crianças, jovens e adultos se reúnem para momentos de lazer, caminhadas ou atividades físicas, pois é lá onde está uma as poucas Academias da Terceira Idade (ATI) instaladas pela prefeitura da cidade.

A estrutura ali montada chamou a atenção. O aposentado Rubens Alexandre Oliveira, de 64 anos, explicou que faz atividade física nolocal por conselho médico. E diz que não só freqüenta mais vezes porque mora em Felipe Camarão, onde não existe uma praça como aquela e nem uma ATI. Segundo Oliveira, também não é todo dia que "os outros têm dinheiro para pagar transportes" e se deslocar até à Cidade da Esperança.

Solange dos Santos, 32 anos, é comerciante, e vem do bairro Nazeré quase todas as tardes para executar atividades físicas na Praça Aluízio Alves. Na opinião dela, os equipamentos que existem "ainda são poucos", principalmente para as crianças, que não têm tantos brinquedos: "Quando a gente chega fica aguardando uma vaga".

Para a comerciante, como a ATI da Cidade da Esperança tem equipamentos mais para exercícios leve, para a movimentação dos membros inferiores e superiores, ela acha que "falta mais coisas para os homens", tipos aparelhos para a execução de exercício de flexão, tipo halteres, que exigem mais da musculatura masculina.

José de Arimatéia elogia a estrutura da Academia da Terceira Idade, mas reclama que falta "banheiros públicos" na praça. "A gente não fica mais tempo porque precisa fazer as necessidades, ai vai mais cedo pra casa", continuou ele, que também reclama "da falta de parque para as crianças".

Além do uso da ATI, o mais se ver na Praça Aluizio Alves é gente caminhando, em todas as faixas etárias.

Semsur pretende ampliar projeto

O  secretário municipal de Serviços Urbanos, Cláudio Porpino, reconhece que o número de praças em Natal, onde foi implantado o projeto  Academia da Terceira Idade (ATI), é muito pequeno.

Mas, ressalvando que está há apenas dois meses no cargo, ele disse que dentro de 60 dias a Secretaria Municipal de  Gestão de Pessoas, Logística e Modernização Organizacional  (Segelme) deverá abrir uma licitação pública com a finalidade de implantar ATIs em mais 20 praças da cidade.

"Vamos multiplicar por três o número de praças com Academias de Terceira Idade", reforçou Porpino. A prefeitura vai investir cerca de R$ 290 mil na implantação das ATIs dessas 20 praças, que ele ainda não anunciou onde serão propriamente instaladas. "Em 2012 pretendemos instalar mais 30 ATIs", continuou o secretário.

Segundo Porpino, a ideia é dotar todos os bairros de Natal com equipamentos de educação física em  suas praças. "Apopulação vem preservando, o  que é mais importante".  O secretário de Serviços Urbanos informou ainda que em Natal existem 252 praças, que estão sendo objeto de revitalização. As obras consistem na troca de piso, pintura, limpeza, restauração de brinquedos: "Já colocamos 30 praças em condições de funcionamento".

Já uma área de lazer que fica entre as praias do Meio e do  Forte, segundo Porpino, vai passar por melhoria tão logo termina as obras de restauração do calçadão que ruiu em frente ao bairro de Brasília Teimosa por causa da ressaca do mar. Denominada de praça Alvamar Furtado de Mendonça, o local necessita de recuperação dos equipamentos  de atividade física, porque todas as barras de flexão caíram ou estão carcomidas pela ferrugem e maresia. Somente o  minicampo de futebol está em condições de uso. Nas Rocas, a praça situada por trás do mercado público, também necessita de manutenção do parque infantil e da quadra de esportes que está com o alambrado danificado.

Alternativas baratas para garantir atividade física

O  professor do curso de Educação Física da UFRN, Raimundo Nonato  Nunes, diz que, não é preciso todas as pessoas frequentarem grandes academias para terem uma preparação física. Soluções caseiras podem resolver. 

O professor Raimundo "Barata", como ele é mais conhecido, conta que, na UFRN, vem realizando um trabalho de extensão universitária para aproximar mais a sociedade da Faculdade de Educação Física,  O projeto "Caminágua" recebe adultos de todas as idades e está sendo objeto de um livro que ele está redigindo. Segundo ele, um servidor da UFRN, que tem Mal de Alzheimer "e para se locomover precisava de muletas", hoje está andando sem o uso de aparelhos. "Barata" tem escritos sobre um método de reposição muscular para idosos sem uso de aparelhos. Caso de o idoso firmar o corpo na posição se semiagachamento, com as pernas formando um ângulo de 90 graus, por um período de 10 a 15 segundos.

Outra posição, segundo ele, é a pessoa ficar em pé e elevar o corpo através da panturrilha (batata da perna) na ponta dos pés.

Até no trabalho, informou ele, uma pessoa pode fazer exercícios em intervalos a cada duas horas.
 
Fonte: Tribuna do Norte

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