sábado, 27 de agosto de 2011

Heloísa Gonçalves foi condenada por homicídio duplamente qualificado, Crime aconteceu em Copacabana, na Zona Sul, em fevereiro de 1992.




A advogada formada Heloísa Borba Gonçalves, conhecida como Viúva Negra, foi condenada nesta sexta-feira (26) a 18 anos de prisão, em regime fechado, pela morte do marido, o oficial do Exército Jorge Ribeiro, em fevereiro de 1992. O julgamento aconteceu no 2º Tribunal do Júri, no Rio. A ré, no entanto, não compareceu.

O advogado de defesa da Viúva Negra, Matusalém Lopes de Souza, disse que vai recorrer da decisão.

O crime ocorreu em Copacabana, na Zona Sul. A vítima foi encontrada amarrada com sacos plásticos na boca e foi morta a golpes de marreta.

Ela ficou conhecida como “Viúva Negra” graças aos vários crimes de que é acusada: quatro homicídios e duas tentativas de homicídio, alguns contra homens com os quais foi casada. A viúva negra é uma espécie de aranha cuja fêmea mata o macho após a cópula. A advogada já assinou também como Heloísa Saad.

O crime foi a julgamento pela sexta vez. Nos outros cinco, a acusada não apareceu e não houve sessão. Heloisa foi julgada de acordo com a Lei da Cadeira Vazia que garante que, em casos de faltas seguidas do réu, o Tribunal do Júri possa ser realizado. A Viúva Negra é também procurada pela Interpol.
Heloísa foi condenada pelo crime de homicídio duplamente qualificado. O júri entendeu que ela teve participação no crime, cometido de forma cruel e por motivo torpe. Segundo a Promotoria, Heloísa, que está foragida, estaria nos Estados Unidos.

Poligamia e falsidade ideológica
Segundo o assistente da Promotoria, advogado Paulo Ramalho, a ré, que já foi condenada por poligamia e falsidade ideológica contra o INSS, é suspeita de outros casos de homicídio. Para ele, Heloísa mostrou uma conduta habitual que leva a outros assassinatos. O advogado informou, ainda, que tudo incrimina a Viúva Negra.
“Não há dúvidas de que ela cometeu mais de um assassinato. Já são três outros maridos dela que foram mortos de forma idêntica para se obter bens e dinheiro. Não há dúvidas de que ela arquitetou, programou a morte do marido”, disse Paulo Ramalho.
Durante a audiência, que começou pouco antes das 15h e terminou por volta das 23h, Ramalho chegou a se referir à ré como uma “pessoa de personalidade distorcida e com tamanha perversidade que deveria ser internada num manicômio judiciário por não ser normal” e a chamou de “monstro”.

A única testemunha ouvida pelo juiz nesta sexta-feira foi o filho de uma outra suposta vítima da Viúva Negra. Ele teria feito um dossiê com todos os casos que envolvem a ré, desde 1972. A outra testemunha prevista nesta sexta-feira foi dispensada pelo juiz.

Júri não é válido, diz defesa
Já o advogado de defesa da Viúva Negra, Matusalém Lopes de Souza, disse que não considera esse júri válido, porque o crime foi cometido em 92 e só com alteração do Código Penal em 2008 passou a ser possível fazer um julgamento sem a presença do réu. Ele tentou adiar o julgamento, mas o pedido foi indeferido pelo juiz Guilherme Schilling.

O advogado entende que não há provas cabais que apontem que a Viúva Negra matou ou mandou matar o ex-marido: “Esse processo não termina hoje, não há nenhuma prova da participação dela no crime. A testemunha de acusação não tinha nenhuma relação com o fato. A acusação está se baseando em outros crimes cometidos por ela, como falsidade ideológica e fraude de documentos”, disse ele.

O MP a denunciou pela prática de homicídio doloso, duplamente qualificado. Heloisa Gonçalves teve sentença de pronúncia em 25 de agosto de 2005 e, embora intimada pessoalmente deste ato processual, desde essa data ela vem se esquivando da Justiça, segundo o TJ-RJ.
Disque-Denúncia
A recompensa oferecida por informações que leve à captura da Viúva Negra passou de R$ 2 mil para R$ 11 mil, em abril deste ano. Segundo o Disque-Denúncia, a advogada foi condenada a mais de 19 anos de prisão pela 19ª Vara Criminal. A recompensa aumentou, segundo a central, devido à falta de informações e da periculosidade da criminosa.
Quem tiver qualquer informação que auxilie nas investigações pode ligar para o Disque-Denúncia através do telefone (21) 2253-1177. O serviço funciona 24 horas e garante o anonimato.
Maridos e namorados eram alvos
Em uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que lhe negou um pedido de habeas corpus ano passado, está o resumo do histórico de crimes da advogada já registrados na Justiça. Ela foi denunciada pela morte de Jorge Ribeiro, um dos maridos; é a principal suspeita da morte tanto do ex-namorado Wargih Murad, que descobriu seu passado suspeito, e do pedreiro que o acompanhava na ocasião; é acusada ainda de tentar matar o filho de Wargih, Elie Murad, e de mandar matar o detetive por ele contratado para investigar a morte do pai, Luiz Marques da Mota.
Ainda de acordo com o STF, Heloísa teve um marido, Irineu Duque Soares, assassinado em 1983, em Magé, meses depois de ter se casado com ela, com pacto nupcial de comunhão total de bens. Na época, após seu depoimento à delegacia, o crime foi registrado como latrocínio.
O documento afirma ainda que um de seus companheiros e pai de alguns de seus filhos, Carlos Pinto da Silva, chegou a ser denunciado por crimes patrimoniais junto com Heloísa e acabou sofrendo uma tentativa de homicídio durante uma viagem com ela a Salvador. Na época, ele chegou a acusá-la de ser a responsável pelos tiros que o atingiram. A Viúva Negra já foi denunciada também por fraude do INSS.
Bígama, tentou registrar o mesmo filho com dois pais
Heloísa já foi condenada por bigamia. Quando era casada com o militar Jorge Ribeiro, casou-se, ao mesmo tempo, com o comerciante aposentado Nicolau Saad, que morreu pouco tempo depois. Com idade avançada, sua morte foi tida como natural. Ela passou, então, a usar uma antiga procuração do marido para transferir imóveis do falecido e acabou condenada por falsidade ideológica.
Enquanto mantinha os dois relacionamentos, Heloísa engravidou e, segundo o Tribunal de Justiça do Rio, induziu os dois a registrarem a criança. Em 1992, Jorge Ribeiro foi assassinado a pauladas, com as mãos amarradas, em uma sala comercial de propriedade dele, em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Heloísa, que estava separada de Ribeiro, é acusada de ser a mandante, ajudar na execução do crime e facilitar a fuga do assassino. O motivo do assassinato seria os bens da vítima.


Fonte: G1

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