domingo, 28 de agosto de 2011

Taxa de homicídios triplica em 12 anos na Venezuela

Caracas (AE) - A taxa de homicídios na Venezuela triplicou nos últimos 12 anos, tornando o país um dos mais inseguros da região. O balanço é fruto de um trabalho do Observatório Venezuelano da Violência (OVV), enfocando um dos temas que mais preocupam os eleitores do país. O diretor da OVV, Roberto Briceño, afirmou que entre 1998 e 2010 a taxa de assassinatos deu um salto, passando de 19 para 57 homicídios para cada 100 mil habitantes. No início do ano, o governo do presidente Hugo Chávez havia informado que a taxa de homicídios em 2010 foi de 48 por cada 100 mil habitantes.

Para fazer frente ao pico de violência, o governo proibiu o porte de armas e munições nas unidades de transporte público e terminais de passageiros, anunciou na última quarta-feira o ministro das Relações Exteriores, Tareck El Aissami.

A medida, que entrará em vigor logo após a publicação no Diário Oficial, busca fortalecer o Exército no "monopólio legítimo da força, e não declinar esta competência ou delegá-la a particulares", disse El Aissami na televisão estatal. O governo adotou a medida quase duas semanas após uma paralisação nacional de um dia realizada por sindicatos do setor de transportes, repudiando os vários assassinatos e assaltos sofridos por motoristas nos últimos meses.

A situação de insegurança na Venezuela é "muito dramática", afirmou Briceño em entrevista coletiva na última quarta-feira. Ele assegurou que as cifras divulgadas por sua organização não-governamental (ONG) se baseiam em informes de fontes oficiais que não foram entregues às autoridades. O analista acrescentou que desde 2005 o governo mantém limitado acesso aos indicadores sobre homicídios.

O diretor da ONG sustentou que o índice de homicídios em 2010 quase se igualou com os de Honduras e El Salvador, considerados os países mais violentos da América Latina.

Ao analisar as causas do aumento da criminalidade, Briceño afirmou que existe a falta de uma "política de controle sustentado" da delinquência, a "quebra institucional" e o "aumento da impunidade", favorecendo o pico de violência na Venezuela. Além disso, o especialista notou que as medidas tomadas pelo governo de Chávez nos últimos meses, como a criação de uma polícia nacional, não têm sido suficientes para conter o alto índice de criminalidade.

Briceño demonstrou inquietude com a proposta realizada pela nova ministra de Serviço Penitenciário, Iris Varela, de liberar delinquentes que tenham cometido crimes menores para descongestionar as cadeias, e indicou que deve haver um castigo para os que cometem um delito, já que no caso contrário haveria um "dano para a sociedade". "O medo nos invadiu e tem preenchido nossas relações sociais", afirmou o analista, demonstrando preocupação com os resultados de uma pesquisa nacional realizada entre maio e junho passado pelo OVV, junto com sete universidades. Essa sondagem mostrou que um em cada cinco venezuelanos sente necessidade de andar armado para combater a delinquência.

Da mesma maneira, o estudo revelou que 45% da população está de acordo com os "assassinatos extrajudiciais" realizados por policiais para conter os delinquentes. Além disso, a pesquisa estimou que 91% dos policiais do país estão de alguma forma envolvidos em delitos.
 
 
Fonte: Tribuna do Norte

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